sexta-feira, 30 de maio de 2014

CHAPULETADAS DA VIDA

Olá amigos leitores,

Quero nesta postagem falar de uma daquelas “chapuletadas” que a vida nos dá. Estava eu numa escola de idiomas onde minha esposa é diretora, quando decidi sair da sala que estava pra ir tomar um café, já que o clima frio pedia algo bem quentinho. Enquanto está saboreando aquele suposto derivado de grãos de café ouvi a seguinte pergunta:

“Como faço para chegar no quilomêtro “X” da rodovia Raposo Tavares A PÉ?

Tal pergunta, no mínimo me roubou totalmente a atenção! Por quê? Porque ele estava a aproximadamente, 72Hs de caminhada. Veja o mapa abaixo.





Ao ir para a recepção da escola, vi um rapaz de mais ou menos 18 a 20 anos, estatura mediana, moreno e forte, inocente em uma cidade grande como São Paulo. Ele já estava na estrada a 9 dias em viagem, pegando caronas. Este motivado jovem é do Estado do Ceará, Nordeste do Brasil. O motivo de sua viagem é a realização de um sonho, pois já passou da primeira fase para entrar no time de futebol de salão do São Paulo Futebol Clube e a segunda fase seria na cidade de Cotia, interior de São Paulo. No entanto, o que mais me surpreendeu é que ele estava sem dinheiro e fazia 9 dias, e sem "recurso" financeiro, mas com habilidades comunicativas boas, já estava próximo do seu objetivo: estar na concentração do Clube São Paulo em Cotia.

Acreditem, eu disse a ele:

“É longe demais...”

Inocência e falta de observação de minha parte, ele havia chegado do Ceará de caronas, o que seria sair da capital para o interior...? Faltei com uma das principais habilidades de Gestor de Pessoas: observação e retenção de dados!!!

Propus a ele ir até um trecho por meio de metro. Ele negou veementemente, dizendo:

“...tenho medo daquele “bicho “ que entra no buraco debaixo da terra, repetiu por vezes. Sugeri o ônibus... ele aceitou. Peguei o que tinha na carteira para ajuda-lo a chegar até Cotia, R$ 100,00 para ser exato, e o deixei dentro do primeiro ônibus da metade de sua jornada ao final dela.

Peguntei a ele antes de ir para o final de sua odisseia:

- Por que tudo isso? Sua resposta:

- Sei que sou bom nisso!


Veja, não seria isso o papel do RH mais humano. Vi na minha frente elementos, o CHA: a vontade de vencer, confiança nas habilidades próprias e uma atitude capaz de cruzar quase uma nação inteira para perseguir um sonho que o ajudaria e a sua família, já que este Francisco Lucas recebia R$ 50,00 por mês.

Vi a vida me ensinando a ser um Coach, a ser mais humano, a apoiar o sonho de alguém que posso não ver jamais. É papel do líder de RH, do Coach, do Mentoring, patrocinar, motivar e dar subsídios aos seus liderados a transcenderem seus limites, quer sejam geográficos, quer sejam barreiras psicológicas, quer sejam por uma vida que no passado foi desprovida de recursos.

Um RH estratégico, tem que percorrer percursos, superar dificuldades e, talvez, ir muito mais além do que nosso amigo cearense nos mostrou. Não há preço ou falta de dinheiro quando uma pessoa convicta decide fazer acontecer. Quando decide que o destino é uma palavra escrita por meio da caneta que está nas nossas mãos e cujo compasso é marcado por passos de conquista.

Essa é uma chapuletada da vida, que receberei como umas das pérolas mais preciosas, daquelas poucas e raras que encontramos ao longo de anos de vida.

Já disse alguém: “quem não sabe o que quer, faz o que outros querem...”


Obrigado Francisco por uma passagem de 10 minutos na minha frente, mas que impactará por anos minha vida.


William Coelho

Nenhum comentário: